O Sindicato Médico de Rondônia (SIMERO) vem acompanhando a disponibilidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Rondônia. Nesta semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou dados mostrando a situação do estado nesse sentido. O governo do estado também divulgou números alarmantes sobre a cidade de Cacoal.
Segundo os números apontados pelo CFM, Rondônia possui um total 354 leitos de UTI, sendo 213 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 141 privado/suplementares. Hoje, 74% dos leitos em todo o estado (públicos e privados) estão ocupados. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SESAU).
Uma das piores situações se encontra em Cacoal. O Hospital Regional de Cacoal (HRC) atingiu a lotação máxima dos 22 leitos de UTI, exclusivos para pacientes com o novo coronavírus. Segundo informações do Governo de Rondônia, apenas um leito de UTI está disponível no Hospital de Urgência e Emergência (Heuro).
“O sindicato está tomando as ações necessárias e ainda realizou uma campanha com sete outdoors na cidade, ‘pedindo socorro’ às duas principais unidades de saúde de Cacoal. A situação é alarmante. O Heuro e o Hospital Regional, principalmente este último onde estão os maiores casos de Covid, estão superlotados e os médicos e demais profissionais de saúde sem as devidas condições para trabalharem com segurança, estando eles na linha de frente no combate ao coronavírus", ressalta a presidente do SIMERO, Dra. Flávia Lenzi.
Dados nacionais
A oferta de leitos de UTI em estabelecimentos públicos, conveniados SUS, ou particulares aumentou cerca de 45% desde que o Brasil passou a enfrentar a pandemia de Covid-19. Contudo, levantamento divulgado na terça-feira (4) pelo CFM mostra que, como o incremento de quase 20 mil leitos públicos e privados de UTI objetivou o atendimento exclusivo de infectados com o novo coronavírus, o país continua a contar com uma infraestrutura insuficiente para acolher pacientes com outras doenças.
Em fevereiro deste ano, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) apontava no Brasil a existência de 46 mil unidades de UTI. Metade delas está disponível para o SUS, de brasileiros, e a outra metade é reservada à saúde privada ou suplementar (planos de saúde), que hoje atende aproximadamente 22% da população. Ao longo de 10 anos – entre junho de 2011 e junho 2020 – esse número aumentou em torno de 38%.
Contudo, por conta da Covid-19, esse processo foi acelerado. De fevereiro a junho de 2020, o total de leitos de UTI disponíveis no Brasil aumentou cerca de 20 mil unidades. Atualmente, o país conta 66,7 mil leitos desse tipo. Ou seja, quase 45% a mais do que no início do ano. Mesmo assim, estima-se que, com o fim da pandemia, os novos serviços podem ser desativados, o que fará o Brasil ter que continuar a acolher os pacientes somente com a infraestrutura próxima à que está em funcionamento, mas que não recebe casos de Covid-19.
SUS desigual
O estudo do CFM também chama a atenção para a distribuição geográfica dos leitos. Só o Sudeste concentra 24.621 (52%) das unidades de terapia intensiva de todo o país; 46% do total de leitos públicos e 59% dos privados. Já o Norte tem a menor proporção: apenas 2.489 (5%) de todos os leitos; 6% dos leitos públicos e 4% dos privados.